domingo, 11 de outubro de 2009

A missão de nossas vidas (1)

Aqui, começa uma série de reportagens sobre a maior experiência vivida nestes meus 23 anos. Aqui, o começo de uma incrível jornada, que iniciou este ano e que continua nos próximos, pelo caminho que escolhi seguir, em favor da vida, da paixão pelo cinema e da aventura!

Ao retornar de uma viagem, não sei se o mundo diminuiu ou eu é que cresci. Assim traduz Alex Duarte, ao lembrar da experiência vivida de 29 a 3 de setembro, no Haiti, em Porto Príncipe. Ele esteve documentando em vídeo a história de vida dos soldados brasileiros na missão da Paz, em meio à realidade caótica da nação mais pobre das Américas. O documentário é um projeto de conclusão do curso de Publicidade e Propaganda pela UNIJUÍ, que vem sendo executado por muito tempo por Alex, através de contatos com integrantes da MINUSTAH. “É o maior projeto já realizado no meu currículo de trabalho. Conseguimos por em prática um sonho que no começo foi encarado como algo utópico. Mas graças ao apoio de algumas empresas da cidade e é claro, com o investimento pessoal, é que conseguimos realiza-lo. Posso garantir que tem sido o melhor investimento de minha vida”, contou Alex.
O projeto iniciou com a participação de quatro integrantes, mas somente Alex e sua colega Monique Antes seguiram adiante. Na orientação do documentário, está o professor Paulo Scortegagna, mestre em Fotografia. O filme, que deverá somar 30 minutos de duração, será lançado em dezembro, no Salão Azul da universidade. Para acompanhar a produção, haverá ainda uma exposição de fotos. Posteriormente, será exibido em São Luiz Gonzaga, Ijuí e no Rio de Janeiro, com probabilidade de ir ao ar no Canal Futura. O vídeo recebe o título de “Missão de nossas vidas”, com direção e filmagem de Alex Duarte e cobertura fotográfica de Monique Antes. O nome exemplifica o sonho dos soldados brasileiros, que se doam em nome de um país que originalmente não é deles.


TRAJETÓRIA- Para chegar ao Haiti, Alex e Monique tiveram de enfrentar um extenso caminho, de ônibus e avião. Dormiram em aeroportos, fizeram diversas conexões e aproveitaram para conhecer alguns cantinhos do país. Foram horas de viagem e extensa programação. Tudo compensado a partir da chegada, em Porto Príncipe. “Estávamos sendo aguardados por uma comitiva do Exército Brasileiro, a equipe do Brabatt, sob a liderança do coronel Alan Santos”, conta Alex. Impressionados pela organização impecável do batalhão brasileiro, os realizadores tiveram todo acompanhamento não cumprimento do vídeo, desde a chegada até a partida. Alojados na base do Brabbat, tinham acesso à estrutura local, desde alimentação, tradutor e segurança. Junto de Alex e Monique, ainda estavam na mesma missão os repórteres da revista Época, Marcelo Loyola e Marcelo Lins, que desenvolveram diversas entrevistas a fim de produzir uma reportagem que será capa da revista ainda este ano. Durante seis dias, a equipe de comunicação G7, integrada pelo coronel Alan Santos, tenente coronel Ítalo, e os sargentos Jéferson, Salvino e Ferrira, montaram uma pauta especial para cumprir as necessidades dos dois grupos. “Visitamos os locais mais devastados pela pobreza e acompanhamos a rotina dos soldados. Também conseguimos uma entrevista com o General Floriano Peixoto, que comanda toda a missão”, ressaltou.




IMPACTO - O país, que acabou devastado por conflitos internos, começou a ganhar uma nova cara a partir 2004, com a chegada do primeiro contingente. Desde lá, cabe ao exército brasileiro garantir a segurança e ajudar na reconstrução do país. “O Haiti é cercado de pobreza por todos os lados. Foram décadas de governo autoritários e o resultado foi um caos social. Há cinco anos atrás, a guerra era declarada. As gangues comandavam o país e andar nas ruas era anunciar a sua própria morte”, explicou. Segundo Alex, “hoje, o país está estabilizado, com o Brasil escrevendo muitos capítulos na história do Haiti. A guerra agora é contra fome, em nome da paz e da igualdade social”. A partir da próxima edição, você vai acompanhar uma série de reportagens especiais sobre a missão e seus desdobramentos, com curiosidades, fotos e histórias trazidas por Alex Duarte nesta aventura que já se tornou uma das missões de sua vida.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Jovem que faz a diferença

A falta de tempo me deixou ausente por alguns meses. Mas como diz o ditado, o bom filho à casa retorna. Abaixo, algumas de muitas recentes conquistas. Na integra, o meu discurso, após receber a Láurea -"Jovem que faz a diferença"!

Talvez a minha história tenha chegado até aqui, pelo simples fato da vocação e devoção ao cinema. É claro que foi por este caminho, que tantas coisas boas aconteceram. Eu sempre me cobrei desde muito pequeno, a responsabilidade profissional. E como ainda muito criança, na escola, sem poder trabalhar, me envolvia com o grêmio estudantil, a criação de um jornal mensal e outras atividades similiares. O cinema apareceu logo depois, aos 12 anos de idade. Influenciado naquela época pela trilogia dos filmes Pânico, do diretor Wes Craven, veio a nascer meus primeiros roteiros. E eu era daqueles cinéfalos vidrados em filmes de terror. Eu não comecei asstindo "Cidadão Kane", "O poderoso chefão" e outras obras importantes da história do cinema.
Eu comecei do avesso, gostando do terror, do suspense ou do trash. Mas o importante foi que eu comecei. E que as coisas começaram a dar certo. Aos 16 anos, em 2003, resolvi que era hora de por o plano em prática. Que era hora de produzirr. O jeito foi compartilhar minha pretensão maluca com os amigos mais chegados, aqueles que te acompanham em tudo. Juntamos um boa galera e fomos a luta. De espada a armadura. Com 300 pila no bolso e um cinegrafista de uma pequena produtora,fizemos o filme acontecer. Jamais irei esquecer a imensa fila no dia do lançamento, que dobrava duas quadras da Praça Matriz de São Luiz Gonzaga. Jamais vou esquecer também das críticas após a exibição, é claro. Eram mais críticas, do que elogios. Eles falavam que nos meus filmes os "mortos se mexiam", de que "a luz está escura" ou "que a história um pouco confusa". Foi aí que descobri a dura realidade que acabara de me lançar.

No ano seguinte, fiz o segundo filme, intitulado “Jovens em Pânico”, uma seqüência de O Quinteto, agora, com duas produtoras envolvidas e mais gente no elenco. É claro que depois do primeiro, as pessoas viram que a coisa não era brincadeira e que iríamos continuar. Bonito foi ver as crianças acompanhando a seqüência do filme, querendo saber sobre o futuro dos personagens, se iriam sobreviver ou como iriam ficar. A ideia estava dando certo. E deu tão certo assim, que outros aspirantes de cinema começaram a seguir a idéia e a produzir mais filmes também. Surgiram outros longas e curta por toda região. Tanta gente querendo aprender o ofício. O mais engraçado, era que nenhum de nós tínhamos cursos técnicos. Aprendemos sozinhos. E o mais magnífico: todos éramos jovens.

Após estas duas experiências, deixei de lado um pouco o gênero terror e suspense, e comecei a escrever outras obras. Eu pensava: eu quero ser cineasta. Quero ter idéias, quero passar mensagem e emoção. Só não quero passar em branco. Quero trabalhar em equipe. Quero me virar com pouca grana. Quero mudar a história. Só não quero de deixar de me transformar. O problema em me tornar um cineasta, era ausência de um curso nesta área na região. Por este motivo, fiz vestibular para Publicidade e Propaganda e descobri o gosto pela escrita. Em agosto de 2004, ingressei na redação do Jornal A NOTÍCIA. E como qualquer iniciante, achava que em algum momento poderia ser demitido. Era uma neura braba, medonha. Me achava jovem demais e como iniciante, tinha grandes planos de seguir carreira e os medos em torno dela eram inevitáveis. Recordo que na primeira semana, quando fui chamado até a salinha de pagamento, fiquei surpreso, sentindo cheiro de demissão no ar. Recebi o dinheiro e por entendimento tinha certeza que havia sido demitido. Fiquei calado, desliguei o computador e fui embora. Chegando em casa, quase aos prantos, resolvi ligar para um dos colegas da redação, na tentativa de descobrir o que aconteceu. Foi então que descobri o grande mal entendido. Todos os funcionários de A NOTÍCIA recebem o salário no final da semana. A partir dali, era hora de aprender a ter mais confiança e exercitar toda esta paixão pela escrita através das reportagens. Eu jamais imaginei me tornar repórter de um jornal. Meu sonho sempre foi trabalhar com vídeo, criação, imagem, cinema.
Mas acabei caindo de pára-quedas no jornalismo. E hoje, devo todas as minhas conquistas a este emprego e aos profissionais que trabalham lá. Me permitam destacar cada um deles. Meus chefes, não são chefes que se encontram por aí, ralhando, dando sinais de autoritarismo ou soberba. Meus chefes são profissionais que te permitem avançar ao lado deles, com liberdade para se expressar, modificar e crescer. José Grisolia Filho e Newton Alvim me acompanham diariamente nesta loucura que é fazer jornal. E esses dois"são grandes incentivadores dos jovens em São Luiz Gonzaga.


E por acreditarem tanto em mim, que outras oportunidades começaram a surgir. A convite da repórter Juliana Sott, em 2006, me tornei instrutor do curso de cinema, pelo Ponto de Cultura ACI- Ação Cultura Integrada. Com uma câmera na mão, o acesso ao audivosual em São Luiz Gonzaga ficou mais fácil. Com 12 alunos inscritos de 11 a 29 anos de idade, a democratização começou a acontecer na região das missões. Surgiram curtas, reportagens e até mesmo videoclipes, como o "Baile de Fronteira", de Luiz Carlos Borges, que acabou selecionado na Mostra Nacional dos Pontos de Cultura, em Santa Maria. E de uma conquista aqui e outra conquista alí, talvez, a maior delas, apareceu repentinamente. Foi quando fui selecionado em uma oficina do Canal Futura, pela Fundação Roberto Marinho. Ao escrever um projeto de "realização de um festival de cinema nas missões", para São Luiz Gonzaga, é que fiquei entre os 15 jovens do Brasil selecionados na 10º turma do Geração Futura. Durante um mês produzi um interprograma no Rio de Janeiro, na sede do canal, chamado "10 segundos na TV", que posteriormente foi selecionado no Festival de Cinema em Fortaleza. Em seguida, a convite do Canal Futura, retornei ao Rio de Janeiro e me tornei monitor do projeto em um período de estágio de 4 meses, com carteira assinada.

Retornado de viagem, e com mais experiência, conheci um casal fantástico de são-luizenses, também apaixonados pela sétima arte: Vânia e Darceli Crestani. Ele, que foi protagonista do curta- metragem "O Caso Sócrates", selecionado o ano passado na mostra não- competitiva do Gramado Cine Video. E Vânia, protagonista do "SOS". Com eles e mais outros amigos é que começamos a projetar a nossa cidade, nas telas de Gramado, mesmo sem competir. E este ano, depois de muito esforço, conseguimos uma grande vitória. A vitória que veio graças ao trabalho da ONG Síndrome de Down, "Unidos para o Amanhã". Com um documentário sobre a história destas crianças, ganhamos o Galgo de Ouro 2009, como melhor video universitário gaúcho, eleito pelo voto popular, na categoria mais disputada do festival. Este troféu é uma conquista conjunta, porque nada se faz sozinho. O cinema é assim. Na hora de produzir, a gente acaba envolvendo todo mundo. Até mesmo o vizinho. Todos fazem cinema inconscientemente. E é por isso que fica difícil de agradecer todo mundo. São tantas pessoas que já passaram pela minha história. Sem elas, chegar até aqui seria impossível. A minha mãe, por exemplo, é uma delas. Se hoje sou um jovem com ética, valores morais e com a coragem para lutar e buscar aquilo que acredito, os méritos também são seus, mãe.

No próximo final de semana, estarei rumando ao Haiti, para produzir um documentário de conclusão de curso, sobre a Missão de Paz da ONU, do Exército Brasileiro. Como jovem, tento esquecer o medo, e procuro colocar na bagagem desta experiência, muita coragem. Nosso objetivo maior de vida deveria ser: criar tanto quanto o nosso talento, habilidade e desejo permitam. Qualquer coisa abaixo disso, estará falhando em nosso mais elementar princípio de uma existência realizadora. Resultados são a melhor medida do progresso humano. Nem conversa, nem explicações, nem justificativas, APENAS RESULTADOS!
O que devemos fazer é transformar nossa vida, nossos sonhos e objetivos, num destino final, como se fosse o fim de uma viagem. Só que não é o final de uma viagem em que descemos do trem e então vamos desfrutar do cenário. É o percurso que conta. É um processo em que não deve existir partida, viagem e chegada, mas ser encarado como um todo. Por essa razão é que paixão, determinação e entusiasmo são tão importantes para nos abrir as portas para a felicidade e realização.
E cada desafio que se apresenta é uma nova possibilidade de exploração e uma nova oportunidade de realização na viagem que estamos fazendo. O que conta mesmo é o quanto você curtiu, o quanto ela benificiou para as outras pessoas e para o lugar onde você mora. Pois a viagem, terminará de um jeito ou de outro. A grande impossibilidade está em nossa cabeça. É por isso que é preciso mudar o mundo, para que o mundo mude para você.


Para concluir, deixo uma mensagem do pensador "Jacob Riis", a todos os jovens são-luizenses. "Quando nada parece ajudar, eu vou e olho o cortador de pedras martelando sua rocha talvez cem vezes sem que nem uma só rachadura apareça. No entanto, na centésima primeira martelada, a pedra se abre em duas e eu sei que não foi aquela a que conseguiu, mas todas as que vieram antes." Obrigado!