quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O feitiço vira contra o feiticeiro



Eu não acho, eu tenho certeza. O feitiço sempre acaba virando contra o feiticeiro. Me desculpem feiticeiros e feiticeiras de plantão, mas aqui se faz, aqui se paga. Este ditado ou frase popular, geralmente usada em várias ocasiões, inspira histórias ficcionais. Muitas delas sobre bem e o mal, caminhando lado a lado. Pois bem, eu não vim até aqui para falar de feitiço inventado com boneco de vodu, velas vermelhas ou com galinha preta. Eu vim falar do que a vida ensina, para aqueles que desejam ou fazem o mal.

Existe uma comunidade no orkut que diz mais ou menos assim. “Tudo que você planta, você colhe.Toda ação, tem uma reação.Quem com ferro fere, com ferro será ferido.O bem que você faz, você recebe de volta e o mal também. Não faça com os outros o que você não quer que façam com você . Porque tudo que vai, volta. Às vezes com a velocidade, potência e intensidade muito maior”. Estas são constatações discutidas por internautas que já sofreram algum tipo de rasteira e deram a volta por cima. Ironia do destino? Justiça? Coincidência? Como explicar? A verdade é que todos nós um dia passamos por situações como essa. Digo, aqueles que não desejam o mal e, por favor, juntem-se a mim.


Desejar o mal pode ser um ato involuntário, principalmente em momentos de raiva e ódio. Diferente do que desejar e praticá-lo diariamente. O bom seria se tivéssemos a certeza que as pessoas que aprontam ou desejam o nosso mal, um dia irão receber uma resposta como troca. Enquanto a certeza não existe, permanece o bom senso em descobri-lo com a vida, vivendo situações que constatam a existência da palavra justiça. A justiça que bateu na minha porta há uns quatro anos atrás, em uma época de carnaval. Havia realizado uma cobertura de fotos para o jornal A NOTÍCIA em diversas páginas, com retratos dos foliões e amantes da festa do momo em São Luiz. Uma bonita cobertura. Depois de uma semana, enquanto redigia uma reportagem, meu chefe chegou até a minha mesa e entregou uma folha impressa, de um e-mail enviado e identificado com Leitor de A NOTÍCIA. Vou tentar transcreve-lo: “Parabéns pela maior cobertura feita pelo jornal. É muito desprezível ver que um repórter destacou apenas nas fotos amigos conhecidos. Percebo que um veículo de comunicação como esse, somando mais de 70 anos está perdendo sua conduta séria”. Jamais vou esquecer daquele dia, porque também foi o dia que meu pai faleceu. Aquele e-mail caiu como uma segunda bomba. Foi um e-mail anônimo, cheio de palavras de ódio, ciúme e rancor, bem maior do que transcrevi. Queria encarar aquela situação como uma crítica construtiva. Mas se tratava de um e-mail anônimo, de alguma pessoa sem coragem e caráter para assumir o que fez.

A minha resposta foi o silêncio. Resolvi ignorar, visto que tinha certeza de ter prestado um trabalho imparcial. No outro dia, a surpresa maior. Meu chefe ficou espantado com tanto ódio vindo daquele e-mail. Meu trabalho foi recompensado e o feitiço virou contra o feiticeiro. Fui efetivado no cargo de repórter, no qual permaneço há cinco anos. Me desculpem feiticeiros e feiticeiras de plantão, mas aqui se faz, aqui se paga. Este ditado ou frase popular, geralmente usada em várias ocasiões, inspira histórias ficcionais. A minha foi real. Plante o bem para colher o bem e estejam preparados para enfrentar o mal que nos cerca diariamente. Visto que a vida nada mais é, do que viver e aprender com cada coisa que acontece.


quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Meu primeiro emprego

Comecei a pegar no batente desde cedo, oficialmente aos 17 anos. Antes disso, fazia uns bicos por aí. Digo, vídeos por aí. Talvez eu tenha me preocupado muito cedo em trabalhar, achando que eu deveria garantir anos de experiência para a minha carreira e também engordar meu currículo vitae. Preocupação que já dura quatro anos. É o tempo de experiência no Jornal A NOTÍCIA, de São Luiz Gonzaga, como repórter e editor.

Em agosto de 2004, ingressei na redação e como qualquer iniciante, achava que em algum momento poderia ser demitido. Era uma neura braba, medonha. Me achava jovem demais e como iniciante, tinha grandes planos de seguir carreira e os medos em torno dela eram inevitáveis. Recordo que na primeira semana, quando fui chamado até a salinha de pagamento, fiquei surpreso, sentindo cheiro de demissão no ar. Recebi o dinheiro e por entendimento próprio tinha certeza que havia sido demitido. Fiquei calado, desliguei o computador e fui embora. Chegando em casa, quase aos prantos (haha, acredite), resolvi ligar para um dos colegas da redação, na tentativa de descobrir o que aconteceu. Foi então que descobri o grande mal entendido. Todos os funcionários de A NOTÍCIA recebem o salário no final da semana.



A partir dali, era hora de aprender a ter mais confiança e exercitar toda esta paixão pela escrita através das reportagens. Jamais imaginei me tornar repórter de um jornal. Meu sonho sempre foi trabalhar com vídeo, criação, imagem, cinema. Mas acabei caindo de pára-quedas no jornalismo. E hoje, devo todas as minhas conquistas a este emprego e aos profissionais que trabalham lá. Me permitam destacar cada um deles. Meus chefes, não são chefes que se encontram por aí, ralhando, dando sinais de autoritarismo ou soberba. Meus chefes são profissionais que te permitem avançar ao lado deles, com liberdade para se expressar, modificar e crescer. José Grisolia Filho e Newton Alvim me acompanham diariamente nesta loucura que é fazer jornal. Acredite, nosso trabalho funciona como uma locomotiva. Precisamos um do outro para funcionar.


Quem conhece a rotina de A NOTÌCIA em véspera de edição, sabe do que estou falando. Somos movidos pelo estresse, pelo cafezinho preto, pela rapidez instantânea. Felizmente, sabemos conduzir com serenidade o trabalho que nos cabe e lidamos com tranqüilidade com os imprevistos que acontecem. Não é atoa que já são 74 anos de trabalho. As lutas diárias da comunidade possuem espaço privilegiado nas páginas do jornal, que assim contribui intensamente com o progresso desta terra. Temos perseguido todos os dias essa isenção. Procuramos controlar nossas paixões, para que o leitor seja contemplado com um relato fiel, sem conduzimos a uma conclusão que desejamos. Hoje somos a empresa mais antiga da cidade e a única de um único dono, fundado por José Grisolia até hoje pertence a sua família.


Me sinto honrado em fazer parte da história de A NOTÍCIA. Essas lembranças e episódios se perpetuarão por outras tantas dezenas de anos. A paixão pela empresa, lembramos através da garra de seu José. As matérias jornalísticas, pela seriedade e entrega do repórter Antônio Correa. As poesias e cultura, através de Jorge Fagundes e outros que partiram. Mas que permanecem entre nós, como o melhor exemplo a pairar sobre este veículo de comunicação.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Aquele compromisso, sem compromisso algum...

Eu poderia passar horas decorrendo sobre os amores que passaram pela minha vida, e mostrar a importância de cada uma delas. Só que imediatamente me veio à cabeça situações em que eu deveria simplesmente guardar na lembrança, ou esquecer, sem ser compartilhado. Afinal, “falar de amor é tão complicado, às vezes você chora, às vezes você ri”, como diz meu amigo Miguel Ruschel em uma de suas composições.


Nós já ouvimos falar de amor em várias versões. Versões que nos afaga, nos complementam, nos agrada, que resistem ao tempo. Amores que são confundidos com paixão, que duram pelo acomodamento, ou que jamais existiram. Falar de amor é tão complicado, se deveria ser a coisa mais fácil a dizer, já que é impossível viver sem um. A verdade é que tudo o que desejamos nesta vida é encontrar um grande amor, que justifique nossas loucuras, que faça o coração bater aceleradamente ou facilmente mude nossa opinião sobre o mundo. O que queremos são paixões que façam a vida valer por um dia ou por uma eternidade...

E este exercício de amar, nos encontra logo cedo. Ainda mesmo sem entender o verdadeiro significado, sua aparição é infalível. Da infância para a adolescência ele já está presente. É o tempo das descobertas e das razões sem fim. Queremos é mais viver aquele amor pensando que será eterno e indestrutível. Corremos riscos e o defendemos até a morte, sem imaginar que um dia ele pudesse acabar. Mas perto do futuro você passa a entender, que o amor tem outros significados. Tem outros caminhos e passamos acreditar que nesta vida não se ama apenas uma vez.

Eu tenho histórias de amor que lembram várias versões. A primeira dela te coloca em terra firme, com os pés no chão, onde você pensa em casar, ter filhos, e receber um salário de 10 mil reais todo o mês. Talvez esta história seja a mais tradicional de todas elas. Ter uma namorada, que faça você pensar em casamento, que fale as coisas corretas, que acerte tudo sobre você. Mas e quando o amor perde a graça? Aí chega o momento de procurar o tipo certo, de pessoa errada. Aquela que vai fazer você perder a cabeça e cometer as maiores loucuras e atrocidades. Aquele amor que vai fazer você morrer por ele, que vai te tirar o sono, o sossego e os pés no chão, mas em troca disso, te oferecerá uma noite memorável. Entretanto, neste amor de ponta cabeças, vão aparecer às diferenças. Programas diferentes e rotinas que não se completam. Aí você vai pensar em encontrar um amor que seja como você. E quando não encontrar, vai se iludir, brigar, reclamar e vai achar que o amor não existe.


E quando menos esperar, quando menos sentir, um outro amor, agora destes de cinema vai balançar a sua vida pela milésima vez. Talvez um amor separado pela distância ou desacordado no tempo. Amores possíveis e amores impossíveis. Amores que começaram em um lugar, e acabaram se reencontrando em outro, trazendo motivo de perfeição, sintonia e vibração. Até a distância aparecer outra vez, voltando à estaca zero.

Amar é um tempo? Uma fase? Como explicar, como entender? Nestas tantas versões que passaram pela minha vida, com amores indo e vindo, a única certeza visível é de ter aprendido com cada um deles. E o que é a vida, mais do que um simples aprendizado?
Hoje, de coração limpo, eu aprendi que amar não basta, é preciso racionalidade. Ele sozinho é insustentável. É preciso convocar uma dose de sentimentos (cumplicidade, sexo, desejo, paci~encia) para entendê-lo. Se todos as paixões acabaram, eu ainda tenho que conhecer o seu verdadeiro significado. Nem que o amor seja aquele compromisso, sem compromisso algum, disposto a te pegar em uma sexta – feira qualquer...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Onde estão os caras pintadas?

Em uma realidade traduzida pelo pessimismo, a vontade de viver persiste. Embora estejamos habituados a se adaptar a uma época de guerra de valores, onde quase nada é esperança, alguma coisa parece resistir. A política, notoriamente, do qual deveria ser a nossa solução, revela-se como a inimigo número dos brasileiros. Ora ela, que foi feita para governar, democratizar e estabilizar uma civilização. Ora ela, que só traz desgosto quando mencionada. Hoje, muitos poucos querem ouvir falar na política.

Mas como discutir a política é tão chato, imagina repetir o que todo mundo já sabe? Pobreza, desigualdade social, fome, falta de educação e moradia. Reflexo de um país subdesenvolvido? Sim, de governantes que levam dinheiro na cueca, assim como milhares de outros que desviam verbas por interesse próprio? Correto. Isso todo mundo já sabe. Aliás, cadeia que é bom, jamais resolveu a situação deles. Falta de vergonha? Também não. Então, o que fazer? Como agir? Cruzar os braços e ver a vida passar? É o que estamos fazendo, infelizmente.

Entre agosto e outubro de 1992, muitos jovens brasileiros tomaram as ruas das principais cidades para exigir o impeachment de Fernando Collor da Presidência da República. Ficaram conhecidos como caras-pintadas, identificados nas cores verde, amarelo, branco e azul anil, da bandeira nacional. O que tinham em comum àqueles estudantes? Talvez o sentimento de ir às ruas e protestar por um Brasil que também era deles. ”Solução e mudança”,gritavam eles, agindo, como pouco de nós fazemos.


Se pensarmos que a política é regida por um pequeno número de pessoas, fica engraçado imaginar, que este número pequeno de pessoas pode desestabilizar um país. Não quero ser negligente e muito menos generalizar todos os políticos. Ao contrário, quero mostrar que unidos, podemos fazer melhor, exigir melhor. Não falo em partidos, nem muito menos de legendas. Eu falo é do povo brasileiro. Um povo que está calado, desacordado. Brasil, a mostra a tua cara! Brasil, mostre aquela sede de mudança, de justiça e cidadania! Brasileiros, eu pergunto a vocês: onde está aquele povo que foi às ruas exigindo as diretas já? Onde estão os jovens que tomaram às ruas determinando o impeachment de um presidente?


O país não precisa de uma política, apoiado por pessoas como um
uma determinada doutrina, assim como um fiel que segue fervorosamente a sua religião. Precisamos é firmar um compromisso com nós mesmos. De ir às urnas conscientes. De reivindicar o que não foi feito, ou aquilo que foi prometido. Precisamos é acordar todos os dias e fazer jus as nossas reclamações ou críticas. A solução do mundo? Não está na política, nem muito menos em um partido. Se o homem é que governa ele, o controle está com ele e o descontrole também.