quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Onde estão os caras pintadas?

Em uma realidade traduzida pelo pessimismo, a vontade de viver persiste. Embora estejamos habituados a se adaptar a uma época de guerra de valores, onde quase nada é esperança, alguma coisa parece resistir. A política, notoriamente, do qual deveria ser a nossa solução, revela-se como a inimigo número dos brasileiros. Ora ela, que foi feita para governar, democratizar e estabilizar uma civilização. Ora ela, que só traz desgosto quando mencionada. Hoje, muitos poucos querem ouvir falar na política.

Mas como discutir a política é tão chato, imagina repetir o que todo mundo já sabe? Pobreza, desigualdade social, fome, falta de educação e moradia. Reflexo de um país subdesenvolvido? Sim, de governantes que levam dinheiro na cueca, assim como milhares de outros que desviam verbas por interesse próprio? Correto. Isso todo mundo já sabe. Aliás, cadeia que é bom, jamais resolveu a situação deles. Falta de vergonha? Também não. Então, o que fazer? Como agir? Cruzar os braços e ver a vida passar? É o que estamos fazendo, infelizmente.

Entre agosto e outubro de 1992, muitos jovens brasileiros tomaram as ruas das principais cidades para exigir o impeachment de Fernando Collor da Presidência da República. Ficaram conhecidos como caras-pintadas, identificados nas cores verde, amarelo, branco e azul anil, da bandeira nacional. O que tinham em comum àqueles estudantes? Talvez o sentimento de ir às ruas e protestar por um Brasil que também era deles. ”Solução e mudança”,gritavam eles, agindo, como pouco de nós fazemos.


Se pensarmos que a política é regida por um pequeno número de pessoas, fica engraçado imaginar, que este número pequeno de pessoas pode desestabilizar um país. Não quero ser negligente e muito menos generalizar todos os políticos. Ao contrário, quero mostrar que unidos, podemos fazer melhor, exigir melhor. Não falo em partidos, nem muito menos de legendas. Eu falo é do povo brasileiro. Um povo que está calado, desacordado. Brasil, a mostra a tua cara! Brasil, mostre aquela sede de mudança, de justiça e cidadania! Brasileiros, eu pergunto a vocês: onde está aquele povo que foi às ruas exigindo as diretas já? Onde estão os jovens que tomaram às ruas determinando o impeachment de um presidente?


O país não precisa de uma política, apoiado por pessoas como um
uma determinada doutrina, assim como um fiel que segue fervorosamente a sua religião. Precisamos é firmar um compromisso com nós mesmos. De ir às urnas conscientes. De reivindicar o que não foi feito, ou aquilo que foi prometido. Precisamos é acordar todos os dias e fazer jus as nossas reclamações ou críticas. A solução do mundo? Não está na política, nem muito menos em um partido. Se o homem é que governa ele, o controle está com ele e o descontrole também.

4 comentários:

Unknown disse...

A verdade é que estamos conformados com a real situação do Brasil, do Estado, da cidade. Você falou uma verdade, somos a maioria e quem faz a democracia é o povo brasileiro.
A atitude de sair as ruas com as caras pintadas é algo que não exergamos mais o povo só quer saber de si, só enxerga seu umbigo

Unknown disse...

Isso se chama "Conformismo" e muita "Falta de esperança". Lamentável...

Mas coisas ainda aparecem, idéias extravagantes e bem elaboradas como este belo texto, esta bela revolta... grande crítica.

Parabéns Alex, estou contigo...

Unknown disse...

É como se não vivessemos no país que um dia teve estudantes que iam diariamente às ruas protestar, pelo fim da ditadura, da opressão, da censura. Jovens que morreram, mas que os brasileiros desconhecem o motivo.
Política não se resume a partidos, precisamos adquirir a cultura política, a vontade de cuidar do país.
Belo texto.

Anônimo disse...

Os jovens de hoje não são os mesmos de 1992. Os jovens de hoje estão mais preocupados com seus carros e com a roupa que vão usar no Absoluto sábado. Não espero nada deles, já perdi as esperanças a muito tempo.
Só não concordo com uma coisa no teu texto: acho sim que devemos seguir um partido político. Não adianta eleger um prefeito de um partido e todos deputados de outro. Posso ser uma alienada em muitas coisas, mas de política eu entendo, porque cresci dentro de um partido e obtive uma formação política. Talvez seja isso que os jovens precisem.
Concordo que muitos partidos perderam a sua ideologia inicial... Mas ainda acredito que existam boas intenções.

Ah, estou de blog novo.
Beijão.